Fundada em 1834, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) teve como primeira missão garantir o fluxo regular de mercadorias no País e concentrou seus esforços no melhoramento dos serviços de transporte marítimo e no aparelhamento do porto do Rio de Janeiro.
Ao longo dos anos, a entidade também conhecida como a Casa de Mauá, acompanhou profundas transformações nos cenários político, econômico e social, e agora, se prepara para se modernizar e retomar o crescimento do comércio carioca.
Quem assume esse compromisso é Angela Costa, a primeira mulher a assumir a presidência da entidade.

Presidente da ACRJ, Ângela Costa.
Eleita no dia 29 de maio, a empresária nasceu no Méier, bairro da zona norte do Rio e ficou órfã de mãe aos 11 anos, quando passou a ser criada pelas irmãs do Colégio Santa Marcelina.
Mais tarde, com a morte do pai, assumiu a presidência da empresa de transporte escolar da família, a Transvimi.
Com a experiência que acumulou nessa função, fundou a Associação das Empresas de Transportes Escolares do Rio de Janeiro, em 1978, que em 1996, se transformou no Sindicato das Empresas de Transportes Escolares do Rio de Janeiro.
Em paralelo a essas atividades, Angela também criou os seus próprios negócios no setor industrial de embalagens de papelão. Em 1980, fundou a Papilon, e em 2014, a Paper Box, em Saquarema.
Foi a primeira mulher a assumir um cargo da Diretoria Executiva de uma Federação das Indústrias no País, na Firjan e também presidiu o Conselho Regional do Sebrae-RJ. Na ACRJ, Angela é a primeira mulher à frente da entidade.
Em entrevista ao Diário do Comércio, ela conta como pretende trabalhar para fortalecer a economia do Estado em que atua.
Diário do Comércio – A senhora chega à ACRJ em um momento delicado para a economia brasileira. Qual a sua expectativa para os próximos dois anos como presidente da entidade?
Angela Costa – Esse é o momento para reforçar a representatividade empresarial. Temos que encontrar soluções criativas que possam ajudar o desenvolvimento das instituições que a ACRJ representa.
Empresas fortes geram empregos e impulsionam a nossa economia. Hoje, vivemos não apenas uma crise econômica, mas também moral e política. Temos que, nesse momento, dar uma atenção especial ao empresário.
Nos próximos dois anos, vamos criar alguns programas para assessorar a classe empresarial e buscar o desenvolvimento econômico do setor.
Como estão os ânimos dos comerciantes cariocas?
O empresariado carioca está decepcionado e sofrido. Além dos obstáculos que precisa superar em suas empresas, ainda tem que enfrentar as crises municipais, estaduais e federais e isso gera muitas incertezas. Vivemos a crise do petróleo e o Estado do Rio de Janeiro sempre foi muito dependente do setor petroleiro.
Como a ACRJ pode articular os setores empresariais em benefício do fortalecimento da economia do RJ?
A Associação Comercial é a casa do empresário, não somente do comércio, mas também da indústria, da agricultura, do setor financeiro, de diversos setores, da saúde e serviços. Nesse momento, precisamos nos unir para juntos acharmos uma saída para essa crise que o Brasil se encontra.
O que muda na entidade com a sua gestão?
Sou uma empresária focada em gestão. Nesse momento, estamos revendo essa casa bicentenária em todos os setores, desde os internos -financeiros, administrativos -, até a visão externa. Estamos dando um choque de gestão na Associação.
Vamos mostrar aos empresários que a ACRJ é a voz que eles têm para levar as suas reivindicações, tanto para as autoridades municipais, e estaduais quanto para as federais.
Trabalharemos para fortalecer nossa representatividade junto ao poder público e a sociedade. Estamos reformulando os conselhos empresariais e trazendo para a Casa de Mauá empresários comprometidos com o desenvolvimento do Brasil.
Vamos levantar as necessidades dos nossos associados para que possamos oferecer serviços que auxiliem no desenvolvimento de seus negócios.
Já estamos abrindo um canal de diálogo com a ala jovem do empresariado. Temos muitos líderes de empresas que não acreditam no poder das associações, estamos convocando esses empresários para fazerem parte dessa retomada, trazendo ideias inovadoras e implementando ações efetivas para a modernização da instituição.
E por que quis ser presidente?
Fui convidada pelos beneméritos da casa e me senti muito honrada. Na verdade, a presidência não estava em meus planos, o fortalecimento da representatividade dessa instituição bicentenária foi minha grande motivação.
Durante seu discurso de posse, a senhora mencionou que quer ser reconhecida por sua competência, e não como a primeira presidente mulher da ACRJ. Por que a senhora acredita que levou tanto tempo para uma mulher assumir esse posto?
Eu não gosto de discriminação por gêneros, acho que devemos trabalhar por competência. Meu discurso foi nesse sentido. A competência da mulher é igual a do homem. O empresariado ainda é machista, mas estamos quebrando isso.
A que a senhora atribui a escolha por uma presidente mulher exatamente, nesse período de crise?
Acho que nesse momento de crise é necessário um presidente voltado para gestão empresarial e sou muito focada nisso. Precisamos nos preparar para os novos tempos, mais competitivos, porém priorizando a ética, a moral e a competência.
Aproveito para fazer uma convocação a todos os empresários, mulheres e homens, que queiram e possam contribuir com ideias, pensamentos e atos para que se juntem a nós nesse momento delicado de nosso País, vamos trabalhar para a retomada do Brasil.
Fonte: Diário do Comércio