Mesmo com a flexibilização e o aumento das transações diárias via cartões de vale-refeição, o consumo em restaurantes registrou queda de 26,5% no valor total gasto, acompanhada por uma retração de 47,8% no volume de operações realizadas em agosto comparado a igual mês de 2019.
Os dados, apurados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em parceria com a Alelo, bandeira especializada em benefícios, incentivos e gestão de despesas corporativas, medem os impactos da covid-19 nos Índices de Consumo em Supermercados (ICS) e Índices de Consumo em Restaurantes (ICR).
Na comparação com meses anteriores, constata-se uma redução marginal dos impactos sobre o número de estabelecimentos (de -7,0%, em julho, para -5,1% em agosto), e sobre o valor gasto nesses estabelecimentos (de -27,6%, em julho, para -26,5%, em agosto).
Cesário Nakamura, presidente da Alelo, afirma que, novamente, a leitura desses números ainda bastante negativos deve ser contextualizada com as restrições remanescentes sobre a livre operação das atividades desse segmento, aliada à menor exposição dos consumidores e afastamento de trabalhadores da empresa.
“Nosso entendimento é que a flexibilização promoveu reabertura, mas isso ainda não foi suficiente para trazer de volta os hábitos de consumo anteriores”, afirma.
Já o consumo em supermercados encerrou o período com aumento de 5,8% no valor total gasto (em relação a agosto de 2019), enquanto o número de estabelecimentos que realizaram transações utilizando como meio de pagamento o benefício alimentação permaneceu praticamente estável no período (+0,4%).
Por outro lado, informações do último mês ainda sustentam uma queda de 15,6% no volume de transações realizadas, na mesma base de comparação (agosto de 2019).
Segundo os pesquisadores da Fipe, os resultados – em linha com o registrado nos meses anteriores – apontam para relativa estabilização do quadro de consumo no segmento de supermercados.
Isso evidencia que o principal impacto da pandemia nesses estabelecimentos tem se dado via redução do volume de transações, em paralelo à elevação do valor gasto.
O comportamento, segundo a Fipe, é provavelmente associado à maior demanda para abastecimento doméstico e à concentração das compras em um número menor de viagens aos estabelecimentos.
Vale destacar que os Índices de Consumo em Supermercados (ICS) acompanham as transações realizadas também em quitandas, mercearias, hortifrútis, sacolões, entre outros.
Já os Índices de Consumo em Restaurantes (ICR) focam na evolução do consumo de refeições prontas em restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, além de delivery e retirada em balcão/para viagem (pick-up).
Dados regionais
Em termos regionais, a análise dos resultados do estudo revela que os efeitos da pandemia continuam se distribuindo de forma heterogênea sobre os estados, refletindo a descentralização e as diferenças entre os processos de fechamento e abertura das economias locais, bem como a interiorização da pandemia.
Adotando como parâmetro o valor gasto em restaurantes, o levantamento mostra que as regiões mais impactadas negativamente em agosto foram a Sul (-30,3%) e Nordeste (-28,2%), contrastando com os menores impactos observados no Norte (-16,4%) e Centro-Oeste (-23,8%). Já o consumo na região Sudeste ocupou posição intermediária no ranking, com variação de -26,6% em relação a agosto de 2019.
Individualmente, as unidades federativas que registraram os maiores impactos negativos no valor gasto em restaurantes foram: Piauí* (-48,5%), Tocantins* (-39,8%), Bahia (-37,4%), Maranhão (-36,9%) e Acre* (-35,5%), contrapondo-se àquelas que apresentaram menor redução: Amapá* (-2,9%), Amazonas (-8,9%), Mato Grosso do Sul (-12,4%), Rondônia (-13,1%) e Goiás (-19,3%).
Quanto ao consumo em outro estados, vale mencionar: São Paulo (-24,6%), Rio de Janeiro (-30,2%), Minas Gerais (-32,7%) Distrito Federal (-26,3%), Rio Grande do Sul (-33,4%) e Paraná (-33,0%).
Fonte: Diário do Comércio