Mais de 20 instituições que representam o setor produtivo e a sociedade civil aderiram ao fórum, lançado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) nesta quarta-feira (17), com o objetivo de contribuir para as diretrizes de uma política estadual de transporte e logística e acompanhar a sua implementação. A entidade monitora 53 obras no estado, das quais 90% estão com prazo expirado ou andamento comprometido.
O Conselho escolheu a governança de obras como tema central e, posteriormente, avançará para assuntos como regulamentação, planejamento, investimentos e humanização das rodovias.
Além da Facisc, também integram o Conselho: Fetrancesc, Porto de Imbituba, EPL, Ministério Público de Contas de SC, Logística Verde, Faesc, Rumo, Infraero, Porto Itapoá, Portonave, FCDL/SC, Porto São Francisco do Sul, Arteris, Secretaria de Estado de Infraestrutura, Deinfra, Antaq, Dnit/SC, Associação Catarinense de Medicina, Fecomércio, Senge/SC, Ferrovia Tereza Cristina, Polícia Rodoviária Estadual, Fampesc, Alesc e Floripa Airport.
O sistema Monitora Fiesc mostra que das 53 obras de infraestrutura acompanhadas pela entidade no estado, 90% estão com o prazo expirado ou com o andamento comprometido. Elas totalizam R$ 7,47 bilhões, das quais oito são do modal aeroviário (R$ 1,2 bilhão), quatro do aquaviário (R$ 331 milhões), sete do ferroviário (R$ 139 milhões) e 34 do modal rodoviário (R$ 5,8 bilhões).
O presidente da instituição, Mario Cezar de Aguiar, disse que o objetivo é ouvir a sociedade organizada no sentido de discutir o que é importante para o estado. “Vamos debater toda a infraestrutura catarinense em um grande grupo para que tenha peso na hora de levarmos ao governo as sugestões em documentos elaborados e discutidos com a sociedade, contemplando demandas e propostas de solução e a ordem de priorização”, explicou.
Aguiar observou ainda que o custo logístico das empresas catarinenses (R$ 0,14 por real faturado) está acima da média nacional (R$ 0,11), conforme estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, e também acima do observado em outros países, como Estados Unidos (R$ 0,085). “Infraestrutura é fundamental para a economia e para a segurança dos cidadãos”, resumiu, reforçando que o Conselho terá papel fundamental na realização de estudos e definição de projetos prioritários, sempre com sólido embasamento técnico.
O secretário de Estado de Infraestrutura, Paulo França, lembrou que a infraestrutura é o elo principal que gera desenvolvimento econômico e social. “Os investimentos que precisam ocorrer para permitir o desenvolvimento são muito maiores do que as condições que o estado e o próprio país têm. Então temos que nos organizar para utilizar bem os recursos que temos dentro das modalidades seja de financiamento, de concessão, com recursos próprios ou parcerias, construindo um modelo que atenda esse desenvolvimento. Com uma agenda única, fica mais clara a questão de recursos e prioridades. Não tenho dúvida que se conseguirmos trabalhar com essa meta fica mais fácil alcançar os objetivos”, avalia.
Em relação à matriz de transportes, em Santa Catarina 68,7% é modal rodoviário, 18,6% aquaviário, 9,7% ferroviário, 2,9% dutoviário e 0,1% aeroviário. O Orçamento Geral da União (OGU) e PAC para infraestrutura de Santa Catarina no período de 2008 a 2017 previa R$ 11,7 bilhões, mas foram efetivamente pagos R$ 5,2 bilhões, dos quais 53% do valor foram aplicados no trecho sul da BR-101. Somente para o ano de 2018 o orçamento prevê R$ 771 milhões para o estado, mas foram executados R$ 280 milhões. Contudo, 47% do valor refere-se a restos a pagar de anos anteriores.
Quanto às ferrovias, o Sistema informa que dos 10 maiores portos do Brasil em movimentação de cargas, somente Itajaí e Itapoá, segundo e sexto no ranking, respectivamente, não são atendidos por trem. Todos os portos que se destacam na Europa, América Latina, América do Norte e Ásia são interligados por ferrovias. No ano passado, a corrente de comércio dos portos catarinenses totalizou US$ 21,1 milhões e a movimentação de cargas alcançou 42,6 milhões de toneladas, 18,7% do total nacional de cargas conteinerizadas.
Acidentes: A falta de infraestrutura adequada afeta a segurança das pessoas. Dados compilados pela entidade mostram que o trecho da BR-101 em Santa Catarina foi o que apresentou a maior quantidade de acidentes em 2017, tanto em termos relativos quantos absolutos. O estado também apresenta o maior índice de acidentes: 447 acidentes para cada 100 km. Dados da Escola Nacional de Seguros mostram o custo social dos acidentes no estado: de 2005 a 2015 estima-se que o valor foi R$ 21,5 bilhões. Além disso, 1/3 do orçamento dos hospitais dos grandes centros urbanos de SC é gasto somente com acidentes de trânsito.
Fonte: Facisc