Após um ano e meio sem reuniões, o Conselho de Desenvolvimento Econômico, conhecido como “Conselhão”, se reuniu na tarde desta quinta-feira (28) no Palácio do Planalto, em Brasília. O encontro faz parte da estratégia do governo federal para encontrar alternativas que levem o Brasil a superar a crise.
O ministro Jaques Wagner, da Casa Civil, foi o responsável por abrir o encontro. Ao ser anunciada, a presidente Dilma foi aplaudida de pé pelos integrantes do “Conselhão”.
“As pessoas precisam ter coragem de abrir suas convicções no debate com a sociedade. A verdade nossa não é necessariamente única e não é obrigatoriamente a melhor. Até porque a melhor verdade é aquela que brota do conflito de ideias”, disse Wagner no discurso de abertura.
“Eu estava dizendo, senhora presidenta, que as democracias mais maduras se utilizam dessa ferramenta do conselho”, afirmou o ministro no momento em que Dilma chegou ao salão onde ocorre a reunião.
A reunião do conselho foi fechada para a imprensa. Os jornalistas puderam acompanhar apenas o discurso inicial de Jaques Wagner e o início da fala do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Até a última atualização desta reportagem, o conselho continuava reunido.
Para Trabuco, o que angustia a população brasileira neste momento é como tirar o país da recessão.
“Cada um de nos é protagonista do que o país é hoje. Todos somos perdedores, pois na recessão todo mundo perde. Cada um de nós tem uma pauta própria de como sair do imobilismo. Dentro da pautas de cada um, haverá intenções para uma pauta de convergências. É preciso criar consequências deste encontro para ações compartilhadas. A crise é diferente de todas as outras, mas precisa ser resolvida no curto prazo. No longo prazo, o Brasil sempre será terra de oportunidades pela infindável força de seus trabalhadores”, declarou ele.
Trabuco avaliou, porém, acreditar que o Brasil será um país vencedor. “Acredito que muitas coisas boas estão aí para dar início a essa retomada”, acrescentou.
Conselheiros
Ao chegar ao Palácio do Planalto para participar da reunião, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, disse não acreditar que o fórum chegará a um consenso sobre as políticas que são necessárias para o país superar a crise econômica. Andrade é um dos 92 conselheiros que integram o grupo.
“Eu não acredito que a gente consiga, num fórum tão eclético, chegar a um consenso para conseguir [alcançar] as políticas e propostas adequadas para aquilo que o país precisa neste momento”, afirmou.
“É o governo quem precisa trazer propostas e mecanismos para aquilo que o Brasil precisa e contar com o fórum [Conselhão] para dar referência, legitimidade às propostas que ele [governo] quer implementar”, acrescentou o presidente da CNI.
O escritor Fernando Morais, que também é conselheiro, disse que é esperado que, num grupo com pessoas de diversas áreas, não haja um consenso. “O fato de ter pessoas que atuam em áreas tão diferentes, é deliberado isso. Não acredito que conseguirá consenso num colegiado tão grande”, disse. Segundo ele, o conselho é capaz de dar “contribuições interessantes”.
Morais afirmou, ainda, que tentará apresentar propostas em nome de um grupo. “Vou procurar me articular ao longo do tempo com as pessoas mais próximas para poder, em vez de ficar cada um fazendo seu próprio discurso, trabalhar em conjunto, apresentar propostas em nome de um grupo”, disse.
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