O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sinalizou nesta terça-feira (1º) que deve manter o ritmo de corte de um ponto percentual em sua próxima reunião, o que reduziria a taxa básica da economia de 9,25% para 8,25% ao ano no começo de setembro.
De acordo com a ata da última reunião – realizada na semana passada –, quando os juros recuaram pela sétima vez seguida, os integrantes do Copom sinalizaram, para o próximo encontro do colegiado, uma possível “flexibilização” de mesma “magnitude” da adotada no final de julho.
No entanto, os membros do Copom ressaltam na ata que eventual redução dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do colegiado e de estimativas da extensão do ciclo.
“De forma geral, a magnitude da flexibilização [ritmo do corte de juros] continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação”, explicou a autoridade monetária.
Combustíveis e bandeira tarifária
De acordo com o Banco Central, a estimativa do impacto total do reajuste dos combustíveis na inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é de aproximadamente 0,45 ponto percentual, distribuídos entre os meses de julho e agosto, mas com maior concentração em agosto.
Por meio da ata da última reunião, o impacto da mudança da bandeira tarifária de energia elétrica de verde para amarela sobre a inflação do mês de julho, por sua vez, é de aproximadamente 0,15 ponto percentual. Ao todo, o reajuste de combustíveis, mais a bandeira tarifária amarela, resultam em um impacto de cerca de 0,60 ponto percentual na inflação, estimou o Banco Central.
“Todos concluíram que essas oscilações pontuais – em particular dos reajustes de preços de combustíveis e de energia elétrica, que têm sido mais voláteis – não têm implicação relevante para a condução da política monetária [definição da taxa básica de juros]”, informou o Banco Central na ata da última reunião do Copom.
Inflação
Mesmo com o reajuste dos combustíveis e com o impacto da bandeira tarifária nos preços, o Banco Central estimou que o IPCA – a inflação oficial do país – deverá ficar em cerca de 3,6% em 2017 e em 4,3% em 2018. Esse cenário embute que os juros básicos da economia recuem para 8% ao ano no fechamento de 2017, e assim permaneçam até o fim do ano que vem.
“Todos os membros do comitê concordaram que as perspectivas para a inflação têm evoluído de maneira favorável”, informou o BC na ata do Copom.
A definição da taxa de juros pela autoridade monetária tem como foco o cumprimento da meta de inflação, que é fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A meta central é de 4,5% para 2017 e 2018, podendo a inflação oscilar entre 3% e 6% nestes anos sem que o objetivo seja formalmente descumprido.
Normalmente, quando a inflação está em alta, o BC eleva a Selic na expectativa de que o encarecimento do crédito freie o consumo e, com isso, a inflação caia. Essa medida, porém, afeta a economia e gera desemprego.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o Banco Central reduz os juros. É o que está acontecendo agora.
Em razão do fraco nível de atividade, a inflação está bem comportada. No primeiro semestre deste ano, segundo o IBGE, a inflação oficial (IPCA) ficou em 1,18%. Para 2017, o mercado financeiro prevê que a inflação deve ficar em 3,33%, abaixo da meta de 4,5%.
Fonte: G1