CACB entrevista Gilberto Kassab

Foto: Divulgação PSD

Nas últimas eleições municipais, o PSD (Partido Social Democrático) fez 887 prefeitos que tomaram posse neste mês de janeiro. O número reflete um crescimento de 35% em relação ao resultado do pleito anterior (2020). Liderado por Gilberto Kassab, o partido tem em seu quadro cinco capitais (Rio de Janeiro, Florianópolis, São Luís, Belo Horizonte e Curitiba). Só a fluminense, onde o prefeito Eduardo Paes foi reeleito, o orçamento está na casa de R$ 46 bilhões.

Em entrevista exclusiva ao CACB Informa, Kassab, que participou da Cúpula dos Líderes realizada no ano passado sob a liderança de Alfredo Cotait Neto, fala sobre as estratégias que levaram o PSD a este resultado, as ações que o partido prevê para apoiar os novos prefeitos e sobre a adoção da Lei da Liberdade Econômica (LLE), bandeira defendida pela CACB. Confira a entrevista com o secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo.

CACB: Qual foi o principal diferencial estratégico que garantiu a eleição de tantos prefeitos ligados à sua base política?

Gilberto Kassab: O PSD vem se consolidando como um partido de bons quadros, de lideranças com bons projetos administrativos e legislativos. Neste ciclo eleitoral, como vem acontecendo desde a fundação da sigla, em 2011, filiamos mais lideranças em cada região e lançamos mais candidatos. Os posicionamentos das nossas lideranças, que geralmente ficam ao centro, e não nos extremos, têm a simpatia majoritária dos eleitores. São alguns dos fatores que explicam esse crescimento, eleição a eleição. O importante agora é que os eleitos, no Legislativo e no Executivo, correspondam às expectativas e realizem bons mandatos.

CACB: Como o senhor avalia o impacto da organização partidária no fortalecimento das candidaturas municipais?

GK: A organização partidária é fundamental e outra base do sucesso do PSD. Temos trabalhado desde a fundação com os nossos filiados, que lideram instâncias regionais, sejam municipais ou estaduais, sobre a importância de desenvolverem as estruturas partidárias cumprindo todas as exigências legais. É uma tranquilidade para, durante o período eleitoral, permitir que se concentre esforços em apresentar os projetos das candidaturas.

CACB: Quais foram as regiões ou cidades em que a vitória foi mais expressiva, e a que fatores o senhor atribui esses resultados?

GK: Não apenas, mas principalmente nos estados em que estamos consolidados há mais tempo, em que temos lideranças estaduais de destaque. Paraná, Bahia, Minas Gerais, Sergipe, Piauí, Rio de Janeiro, agora São Paulo, entre outros. O partido cresce em praticamente todo o Brasil, desde a fundação.

CACB: Com base nessa vitória, quais são as principais prioridades políticas para os prefeitos eleitos no curto prazo?

GK: Não existe uma resposta única para essa questão. Cada prefeito, vereador, precisa iniciar seu mandato buscando atender demandas urgentes. Costumam ser necessidades em campos como Saúde, Educação. Muitas precisam de investimentos em médio e longo prazo. É fundamental iniciar a implantação dos projetos com agilidade e cumprindo as exigências da legislação.

CACB: Quais estratégias serão adotadas para manter a coesão e a unidade entre os prefeitos da base, especialmente em um cenário de polarização política?

GK: Um aspecto importante é que os prefeitos devem ter autonomia para poderem identificar e adotar as estratégias para a realidade daquela cidade, daquela região. Uma norma vertical, imposta de cima para baixo, pode ser contraproducente. Ao mesmo tempo, o partido oferece experiências e exemplos administrativos através da sua fundação de estudos políticos, chamada Espaço Democrático. Estimulamos que as lideranças apresentem suas experiências de sucesso, que podem ser replicadas em outros locais.

CACB: Como o partido pretende apoiar os prefeitos eleitos na implementação de políticas públicas locais, especialmente em cidades
menores?

GK: Nossas lideranças presentes nas assembleias estaduais, no Congresso Nacional e nos governos estaduais e federais são importantes para facilitar essa interlocução entre as lideranças municipais e as demais instâncias. Mas é claro que aqueles que ocupam posições nos poderes executivos fazem esse atendimento aos prefeitos de forma republicana e não partidária, ou seja, recebem a atendem igualmente prefeitos de todas as legendas. O importante é resolver as demandas da população.

CACB: Há planos para fortalecer a comunicação entre os prefeitos da base e o governo estadual/federal? Se sim, como isso será feito?

GK: A comunicação é peça fundamental para a boa gestão e não é para fazer propaganda, para falar bem da gestão ou do gestor. É para prestar contas à população sobre como está sendo gasto o dinheiro arrecadado com os impostos. As pessoas precisam saber o que está sendo, de fato, realizado. Da mesma forma, é preciso ter canais de comunicação com as de mais instâncias de poder, que compartilham investimentos das três esferas nas cidades.

CACB: Quais são os maiores desafios em manter uma rede de prefeitos eficiente e integrada, considerando a diversidade das cidades e regiões?

GK: O segredo é seguir trabalhando para que o partido continue se desenvolvendo, continue tendo uma boa reputação entre a população. Ou seja, que seja um fator de estímulo aos gestores, nunca de preocupação, de desconforto.

CACB: Quais são os maiores desafios que o senhor acredita que os prefeitos eleitos enfrentarão, especialmente em áreas como Saúde, Educação e Infraestrutura?

GK: Com a experiência que tenho na gestão pública, como prefeito de São Paulo, secretário de Estado e ministro, a grande aflição é a
limitação orçamentária. Os gestores precisam estabelecer prioridades de ação com o orçamento local e buscar parcerias com Estado e União, o apoio de parlamentares, para implementar os projetos prioritários.

CACB: Como o partido ou a base política planeja auxiliar os prefeitos em temas críticos como geração de emprego, mobilidade urbana e combate às desigualdades?

GK: Como disse, em linhas gerais, estimulamos que nossas lideranças compartilhem seus projetos bem-sucedidos, que podem auxiliar outras realidades.

CACB: Quais benefícios o senhor considera que a Lei da Liberdade Econômica (LLE) leva aos municípios?

GK: É uma lei que beneficia os municípios na medida em que permite que as pessoas, as empresas, empreendam e se desenvolvam, realizem investimentos com menos preocupação. Mais empresas, mais investimentos privados criam um ambiente positivo nas cidades que, em última instância, aquece a economia, aumenta arrecadação e permite a realização de mais investimentos públicos. Todos devem colher benefícios desta nova legislação, e já começamos a ver os primeiros projetos implementados nos municípios.