
Foto: Victoria Cardozo
Durante o Encontro Nacional de Integração do Associativismo, em Salvador, coube ao presidente de honra da CACB, o ex-deputado federal e atual membro do Conselho Superior da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e secretário especial de Projetos Estratégicos do Governo do Estado de São Paulo, Afif Domingos, fazer a primeira fala em defesa do Voto Distrital Misto como modelo ideal para o Brasil.
Essa alternativa combina o modelo Distrital e o Proporcional. Ou seja, uma parte dos deputados em um estado é eleita segundo a ordem dos mais votados nos distritos. A outra parte é eleita segundo a soma dos votos da legenda em todo o estado. Um projeto sobre este modelo, de autoria do então parlamentar José Serra, circula no Congresso Nacional desde 2017 e, este ano, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos/PB), vai criar uma comissão especial para tratar do assunto.
“Esse é o caminho para fortalecer o vínculo entre eleitores e políticos porque essa falta de laços leva a um baixo senso de responsabilidade”, explicou Afif que também apresentou diversos dados de pesquisas como uma de 2022: “64% dos brasileiros não se recordam em que votaram para deputados federais e 66% desaprovam o trabalho deles”.
O deputado federal Antônio Brito (PSD/BA), que já participou de duas comissões sobre a Reforma Política desde 2013, explicou que de lá para cá a política mudou. “Até 2014 era permitido o financiamento privado e nós tínhamos uma pluralidade de partidos, esse é o momento propício para se discutir o sistema eleitoral brasileiro porque estamos com financiamento público com redução de partidos, o PSD crescendo e uns sete partidos estão dominado a esfera nacional”.
O deputado também esclareceu que quando um cidadão vota em um candidato próximo à realidade dele, isso facilita a cobrança dos resultados. “O afeto do eleito é igual ao afeto do eleitor.”
O presidente da CACB, Alfredo Cotait Neto, que também participou do painel juntamente com Afif e o deputado Brito, explicou que para fazer a transformação do sistema eleitoral é preciso que os associados ao sistema trabalhem junto aos seus deputados para que o projeto seja votado até setembro deste ano. E acrescentou: “Esse modelo harmoniza e tranquiliza o ambiente político.”
Para Cotait e Afif, essa causa deve ser apoiada pela CACB porque o modelo do Voto Distrital, como diz o nome, é baseado em distritos, e a Confederação tem justamente uma base que vem de baixo para cima, das associações comerciais que atuam localmente para as federações.
O painel ainda abriu espaço para perguntas como a do presidente Associação Comercial e Empresarial de Itaúna, Cacio Alexandre da Silva. Ele quis saber se essa mudança de sistema não levaria a uma “corrida das minorias políticas para criar mais distritos”. Afif Domingos explicou que isso não ocorreria pois “não se cria distrito a partir de negociação, os distritos seriam definidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitora) com base técnica em dados do IBGE”.