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As vendas do varejo durante a Páscoa de 2025 devem somar R$ 3,36 bilhões, segundo projeção divulgada nesta segunda-feira (14) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O valor representa uma retração de 1,4% em relação ao mesmo período do ano passado, já descontada a inflação — uma queda que pressiona especialmente as micro e pequenas empresas (MPEs), responsáveis por boa parte do comércio sazonal no país.
Segundo a CNC, o principal fator para o desempenho mais fraco é o aumento expressivo nos preços dos produtos típicos da data. O chocolate, carro-chefe das vendas de Páscoa, deve registrar uma alta média de 18,9% — a maior desde 2012. A valorização do cacau no mercado internacional, aliada à desvalorização do real, impactou diretamente o custo de produção e reduziu a margem das empresas, especialmente as de menor porte.
O cenário acende um alerta entre entidades do setor, como a CACB, que tem reforçado a necessidade de políticas públicas mais efetivas de estímulo ao consumo e de alívio tributário para as MPEs. A retração no ticket médio dos consumidores — de R$ 156 em 2024 para R$ 146 este ano — também reforça a urgência de medidas que sustentem a renda e o poder de compra da população.
Outros itens tradicionais da Páscoa seguem a tendência de alta: bacalhau (9,6%) e azeite de oliva (9%). A cesta de bens e serviços típicos, composta por oito produtos, deve registrar aumento médio de 7,4% em relação ao ano anterior. Com o custo elevado e a demanda pressionada, empresas de menor porte enfrentam desafios para manter competitividade.
As importações também recuaram. Em março, a entrada de chocolates caiu 17,6%, e a de bacalhau, 11,7%, em volume, evidenciando menor movimentação do setor.
Desigualdade regional e desafios do setor
São Paulo deve liderar as vendas, com estimativa de R$ 923,29 milhões em faturamento. Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul vêm na sequência, concentrando juntos mais da metade da receita nacional esperada. Estados como Bahia e o próprio Rio Grande do Sul devem registrar as maiores quedas proporcionais nas vendas.
Em paralelo, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), em parceria com o Datafolha, estima que a movimentação total da Páscoa — considerando pagamentos com cartões — deve alcançar R$ 5,3 bilhões. O levantamento aponta que o tradicional ovo de Páscoa permanece como item mais mencionado (64%) entre os consumidores, seguido por bombons, trufas e barras de chocolate.
Nas regiões Sul (R$ 178), Centro-Oeste (R$ 169) e Sudeste (R$ 158), o gasto médio declarado pelos consumidores fica acima da média nacional (R$ 146), indicando diferenças regionais de consumo. Segundo a CACB, essas disparidades evidenciam a importância de ações regionais de incentivo, especialmente para as pequenas empresas que dependem do calendário sazonal para manter suas atividades.