A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) promoveu o evento “Os problemas das empresas no SIMPLES na Reforma Tributária” nesta sexta-feira (21), em modelo híbrido. O encontro foi organizado pelo Conselho de Orientação e Serviços (COS) e reuniu lideranças empresariais e especialistas para discutir os desafios e oportunidades diante das mudanças em curso no país.
Durante sua fala, José Clóvis Cabrera, consultor e ex-coordenador de Administração Tributária da Secretaria da Fazenda de São Paulo, destacou que o Brasil está convergindo para um modelo de tributação altamente tecnológico, impulsionado pelos avanços nos sistemas criados pelo Banco Central (Bacen). Segundo ele, “cerca de 12 milhões de empresas serão impactadas diretamente por essas mudanças, o que representa uma movimentação muito grande na busca pela melhor estratégia para os pontos críticos da reforma”.
Cabrera enfatizou que o debate sobre a Reforma Tributária não se limita à ACSP, mas ocorre em nível nacional, envolvendo diversas associações comerciais. “Esse assunto não está sendo discutido apenas aqui, mas também em diversas outras associações comerciais pelo país”.
Entre as mudanças no Simples Nacional foram destacadas a revisão das faixas de faturamento, a possibilidade de novas regras para desenquadramento de empresas e ajustes na tributação de determinados setores. Empresários presentes ao evento demonstraram preocupação com a complexidade dos novos critérios e os impactos que podem gerar para pequenos negócios.
Outro ponto polêmico foi levantado pelo economista Marcos Cintra, que criticou a postura do governo em relação ao Simples Nacional. “Não podemos comparar nosso sistema com o de países como França e Bélgica. Temos um modelo específico para nossa realidade, e ele é eficiente. O que sinto é que há uma preguiça do governo em adaptá-lo e melhorá-lo. Tenho a impressão de que existe uma vontade de acabar com o Simples de morte morrida, já que de morte matada ele não consegue”, declarou.
Questionado sobre a necessidade de se criar um sistema para os microempreendedores individuais, Cabrera descartou a ideia, argumentando que “o sistema atual é bom, mas mal utilizado”.