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CONJUNTURA

Varejo recua após seis meses consecutivos em alta

IBGE registra queda de 0,1% nas vendas na comparação entre novembro e outubro de 2020. Alta de preços nos alimentos e redução do auxílio emergencial para R$ 300 são apontados por especialistas como os fatores para a mudança no consumo

18 de janeiro de 2021 às 09:10

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As vendas do varejo registraram queda de 0,1% em novembro de 2020 ante outubro. O dado interrompeu uma sequência de seis resultados positivos consecutivos do indicador do comércio varejista, iniciada em maio de 2020, após dois meses de queda por conta da pandemia de covid-19. Na comparação com o mesmo mês de 2019, a alta foi de 3,4%. No acumulado do ano, contra igual período do ano anterior, houve aumento de 1,2%. Os dados foram divulgados, na última semana, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para os especialistas, a queda foi resultado da alta na inflação de alimentos e da redução do auxílio emergencial, que caiu de R$ 600 para R$ 300 em setembro do ano passado.

No comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas cresceu 0,6% em relação a outubro de 2020, sétimo mês consecutivo de aumento. A média móvel do trimestre encerrado em novembro (1,2%) sinalizou redução no ritmo das vendas, quando comparada à média móvel no trimestre encerrado em outubro (1,2%).

Cristiano Santos, gerente da pesquisa do IBGE, explicou que três atividades ficaram no campo negativo: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,2%); combustíveis e lubrificantes (-0,4%) e móveis e eletrodomésticos (-0,1%). “Por outro lado, cinco ficaram no campo positivo: tecidos e vestuário; artigos farmacêuticos; livros, jornais e revistas; equipamentos para escritório; e outros artigos”, explicou. “Se considerarmos o varejo ampliado, com veículos e material de construção, o setor de veículos puxou com variação de 3,5%, enquanto construção caiu 0,8%”, acrescentou.

Por conta do resultado negativo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNA) decidiu revisar para baixo a projeção de crescimento do setor, de 4,2% para 3,9%. De acordo com o economista da entidade Fabio Bentes, a redução no valor do auxílio emergencial e a alta no preço dos alimentos impactaram na queda.

“Esse resultado interrompeu uma sequência de seis altas, na qual as vendas acumularam crescimento de 39% após tombar 18% entre fevereiro e abril de 2020”, disse. “O ramo especializado na venda de alimentos, o mais relevante do setor em termos de faturamento anual (supermercados), foi o principal responsável pela retração das vendas com queda de 2,2% frente ao mês anterior”, avaliou.

À exceção do mês de outubro (com alta de 0,8%), o ramo de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tem registrado retrações nas vendas desde o início do segundo semestre de 2020. “Esse processo coincide com a aceleração dos preços dos alimentos. Em novembro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação de produtos alimentícios para consumo doméstico, de 3,3%, foi a maior para o mês desde 2002 (6,7%)”, comparou.

Recuperação em V

Para Bentes, a desaceleração das vendas observada ao longo do terceiro trimestre de 2020 soma-se à redução de R$ 600 para R$ 300 no valor do auxílio emergencial. “O benefício cumpriu um papel relevante na surpreendente recuperação do varejo ao longo do ano. Não fosse isso, a retomada das vendas ao nível pré-pandemia não teria ocorrido em julho, mas em dezembro de 2020”, pontuou. “Com o fim do benefício no início de 2021, o quadro ainda grave do mercado de trabalho e o aumento da inflação sugerem que a reação do setor tende a se tornar mais lenta no início de deste ano”, acrescentou.

Na opinião de André Perfeito, economista-chefe da Necton, os números do varejo decepcionaram. “Comércio veio no campo negativo, após crescimento na margem maior do que o projetado em serviços. A recuperação após o pior da pandemia foi vigorosa e criou a sensação de uma desejada volta em V. Mas, a recuperação tem mais cara de raiz quadrada, ou seja, vai voltar o que perdeu com o choque do lockdown inicial — que nem foi tão severo assim — e, depois, sem incentivos perenes, irá se estabilizar em patamares próximos de zero”, destacou.

Para Lisandra Barbero, economista da XP Investimentos, o resultado de -0,1% ficou abaixo das estimativas. A XP apostava em crescimento de 0,2% e de 0,5% para o varejo ampliado, enquanto o consenso do mercado era de 0,3% e 0,9%, respectivamente. “Um dos fatores que podem ter contribuído para a perda de ímpeto do setor em novembro foi a antecipação do consumo de bens duráveis durante a pandemia, que reduziu as compras típicas de final de ano”, avaliou.

“De acordo com nosso índice de difusão, mais de 69% do setor vêm crescendo a um ritmo expressivo nos últimos seis meses. O número reforça a mensagem de que o varejo conseguiu apresentar expansão significativa em 2020, especialmente em meio aos estímulos sustentados durante a pandemia. Mas, olhando para frente, principalmente para os próximos meses, existe a possibilidade de que a alta da inflação de alimentos e a redução do auxílio emergencial continuem trazendo um viés negativo para o setor”, explicou Barbero.

Itaú aumenta expectativa de inflação para 2021

Após o forte repique da inflação oficial em dezembro, o Itaú Unibanco revisou as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021, elevando de 3,3% para 3,6%, taxa próxima da meta de 3,75% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). De acordo com o banco, a atualização incorporou o preço mais alto das commodities agrícolas.

Em 2020, o indicador nacional da carestia acumulou elevação de 4,52%, a maior desde 2016 e acima das previsões do mercado. Os preços do arroz e o do óleo de soja, devido à maior demanda externa e à valorização do dólar, dispararam no mercado interno, acumulando altas de 76,01% e de 103,79%, respectivamente. A previsão de 3,3% para o avanço do IPCA, em 2022, foi mantida.

Os economistas do banco mantiveram as estimativas de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, de 4%. As expectativas de expansão de 4% e de 2,5% para 2021 e 2022, respectivamente, também não foram alteradas. A previsão para a taxa básica de juros (Selic), de 3,5%, no fim de 2021, não sofreu mudanças, contudo, o início do ciclo de alta foi antecipado para maio “em razão do ambiente inflacionário”.

De acordo com a instituição, um dos maiores desafios do governo será a manutenção do teto de gastos, — emenda constitucional que limita o aumento das despesas à inflação do ano anterior. “O teto de gastos, apesar do cenário ainda desafiador, deve ser cumprido nos próximos anos. Esperamos deficits primários de 2,1% do PIB em 2021 e de 1,5% do PIB em 2022”, informou.

Fonte: Correio Braziliense

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