Imprensa
DESJUDICIALIZAÇÃO

Emendas à MP do Ambiente de Negócios preveem uso obrigatório da conciliação para resolver conflitos

MP prevê a simplificação de processos de abertura de empresas e do comércio exterior, execução de dívidas e uma maior proteção a minoritários, dentre outras medidas

19 de abril de 2021 às 10:43

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Duas emendas à Medida Provisória que prevê iniciativas para melhorar o ambiente de negócios no país buscam desafogar o Judiciário tornando obrigatório o uso de instrumentos de conciliação e arbitragem para resolver disputas empresariais. As emendas são polêmicas: elas contam com a simpatia do Ministério da Economia, mas enfrentam uma forte resistência por parte da classe dos advogados.

A MP do Ambiente de Negócios (MP 1.040/2021) foi assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no dia 29 de março e prevê a simplificação de processos de abertura de empresas e do comércio exterior, execução de dívidas e uma maior proteção a minoritários, dentre outras medidas.

A meta do Ministério da Economia é colocar o Brasil entre os 50 melhores países para se fazer negócios no ranking Doing Business do Banco Mundial já no ano que vem. Hoje o país está na 124º posição dentre 190 países.

No Congresso, o deputado Coronel Tadeu (PSL-SP) aproveitou a MP para incluir o tema da Judicialização na pauta do Ambiente de Negócios, sugerindo que o acesso ao Judiciário seja franqueado apenas após esgotadas as tentativas de conciliação extrajudicial.

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) também propõe a conciliação como primeiro recurso obrigatório para a resolução de controvérsias, mas vai além ao propor que o ônus sucumbencial (custas do processo) seja de responsabilidade da parte que se negar a fazer acordo e, ao recorrer à Justiça obtiver em juízo um valor inferior à oferta extrajudicial.

Não é de hoje que o poder público tenta promover a desjudicialização nas relações empresariais para reduzir as despesas com o Judiciário. Na pauta da defesa do consumidor, por exemplo, a plataforma de conciliação Consumidor.gov.br, criada no governo Dilma Rousseff, vem ganhando relevância e bateu a marca de 1 milhão de casos no ano passado, com 80% de êxito e duração de 6 dias cada.

— São 800 mil processos que deixaram de entrar no Judiciário. Considerando que cada processo custa R$ 2 mil ao ano e eles duram em média 3 anos, são R$ 6 mil a menos por processo — diz Luciano Timm, especialista em direito econômico e ex-secretário de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, na gestão Sergio Moro.

— Há que se estabelecer uma forma de solução fora do judiciário. É uma discussão de política pública de distribuição e acesso. Gastamos R$ 90 bilhões com um Judiciário ineficiente que atende a uma minoria, e R$ 15 bilhões em saneamento. Em nenhum país do mundo o Poder Judiciário funciona dessa maneira disforme — diz Timm.

Na sua opinião, embora obrigue as partes a primeiro esgotar a via da conciliação, a medida não configura restrição de acesso, uma vez que advogados estão envolvidos na negociação da conciliação.

— Nenhum acesso é irrestrito. Judiciário é como uma rua, tem que ter limite. Nenhum país do mundo tem 80 milhões de processos — completa Luciano, que diz não ver prejuízo no acesso à Justiça.

No entendimento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a medida é inconstitucional e um cerceamento ao direito de acesso à Justiça.

— Conceitualmente somos a favor de explorar a via da conciliação. É mais barato e dinâmico. Mas é inconstitucional obrigar o cidadão a procurar a conciliação antes de levar para o Judiciário. Você não ressalva os casos de urgência — diz Ricardo Toledo, vice-presidente da OAB-SP.

Para ele, só uma mudança cultural, que começa com uma modernização no currículo das faculdades, poderia levar os advogados a reduzir a litigância e buscar a alternativa da conciliação extrajudicial. — Antigamente os advogados recebiam um valor mensal. Hoje cada vez mais os advogados recebem no êxito da causa. Isso ajuda a querer dar celeridade na solução dos problemas — completa.

Fonte: O Globo

Últimas Notícias

Ao Brazil Economy, presidente da CACB defende Reforma Administrativa Ao Brazil Economy, presidente da CACB defende Reforma Administrativa
Na mídia 13 de maio de 2025 às 16:32

Ao Brazil Economy, presidente da CACB defende Reforma Administrativa

CACB vai capacitar empresas brasileiras em práticas sustentáveis CACB vai capacitar empresas brasileiras em práticas sustentáveis
Economia verde 13 de maio de 2025 às 14:38

CACB vai capacitar empresas brasileiras em práticas sustentáveis

Como funcionam os treinamentos para entidades que aderem à Central de Rede  Como funcionam os treinamentos para entidades que aderem à Central de Rede 
Serviços 13 de maio de 2025 às 13:35

Como funcionam os treinamentos para entidades que aderem à Central de Rede 

Renascer Mulher: moda, maternidade e empreendedorismo fortalecem a presença feminina no coração de Brasília Renascer Mulher: moda, maternidade e empreendedorismo fortalecem a presença feminina no coração de Brasília
CMEC 13 de maio de 2025 às 12:12

Renascer Mulher: moda, maternidade e empreendedorismo fortalecem a presença feminina no coração de Brasília

Cursos da FAC-SP conquistam nota máxima do Ministério da Educação Cursos da FAC-SP conquistam nota máxima do Ministério da Educação
Formação 12 de maio de 2025 às 16:15

Cursos da FAC-SP conquistam nota máxima do Ministério da Educação

Centro Empresarial Flores da Cunha participa do Empreender Centro Empresarial Flores da Cunha participa do Empreender
Associativismo 9 de maio de 2025 às 15:29

Centro Empresarial Flores da Cunha participa do Empreender

Soluções dedicadas ao empresário brasileiro.

Todos serviços

Conhecimento e informação nos conectam

Compartilhamos conteúdo do seu interesse

  •  

Eventos

Ver todos

Agenda dos Eventos Empresarias

Participe dos eventos organizados por entidades que apoiam os empresários do Brasil.

Busca

Fechar

Categorias de Serviços

Fechar

Categorias de Vídeos

Fechar

Entidades

Fechar
Logomarca Hotpixel