
Na reunião entre os presidentes dos Conselhos Empresariais da ACRio foi decidido que a instituição vai realizar, no primeiro semestre, um seminário para discutir a atual estrutura política e econômica do país e propor soluções para a retomada do crescimento
Cumprindo seu papel de órgão técnico e consultivo do Governo Federal, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio) realiza, no primeiro semestre desse ano, um seminário para discutir a atual estrutura política e econômica do país e propor soluções para a retomada do crescimento. A decisão de organizar o evento foi tomada nesta quarta-feira (17/2), durante reunião entre os presidentes dos Conselhos Empresariais da Casa.
Na ocasião, o 1º vice-presidente e presidente em exercício da instituição, Ronaldo Chaer, destacou que é preciso reacender os ideias da “Ação Empresarial”, movimento liderado pela ACRio que, em 1988, na discussão da Constituinte, conseguiu com que os políticos do Congresso Nacional absorvessem alguns temas importantes, como a queda do monopólio do petróleo e das telecomunicações.
“O objetivo do seminário é provocar um sintoma de transformação. Em 1988, nós fizemos a Ação Empresarial, uma atuação política apartidária para que motivássemos os congressistas a aprovarem nossos temas. E fomos vitoriosos em algum deles. A Ação Empresarial vai ser retomada para esse seminário. Vamos levar aos congressistas de hoje os resultados desse seminário através de um documento que consubstancie as propostas”, destacou o presidente em exercício da ACRio, Ronaldo Chaer.

O 1º vice-presidente da ACRio afirmou que será reeditado a “Ação Empresarial”, movimento liderado pela Casa que obteve avanços em temas importantes à época da Constituinte, em 1988
O coordenador dos Conselhos Empresariais da ACRio e presidente do Conselho Empresarial das Relações do Trabalho, Laudelino Mendes, ressalta que a Associação Comercial do Rio de Janeiro é uma entidade que não recebe contribuições financeiras de nenhum governo e isso dá a ela autonomia e credibilidade em relação às propostas a serem apresentadas após o seminário.
“Nossa Casa trabalha não só pelo desenvolvimento do Rio de Janeiro, mas de todo o país. A atual crise política e econômica que enfrentamos precisa ser contornada o mais rápido possível. E esse objetivo será atingido apenas com a união de esforços entre diversos agentes e setores da sociedade”, observou Laudelino Mendes.

O coordenador dos Conselhos Empresariais, Laudelino Mendes,
reforçou que a ACRio vai enviar ao Congresso documento
com as propostas que forem levantas no seminário
A dívida bruta brasileira de 67% do PIB vai crescer e superar 80% do PIB em poucos anos. A precariedade financeira federal propaga-se para as finanças estaduais e torna precárias as operações em áreas críticas de atuação governamental, como saúde, educação e segurança. A avaliação é de Ney Roberto Ottoni de Brito, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), PhD em Economia Financeira pela Stanford University e integrante do Conselho Empresarial de Políticas Econômicas da ACRio.
“Acuados, o governo central, bem como os estaduais, não tem opção a não ser dobrar as apostas erradas e elevar impostos onerando a atividade produtiva e todos os segmentos contribuintes. E todas as iniciativas do setor empresarial no sentido de implementar reformas estruturais que tornem o país mais competitivo são diluídas no processo político e não resultam em absolutamente nada. As propostas de reformas estruturais têm sido constantes e são sistematicamente rejeitadas pelo sistema político”, afirmou Ney Brito, um dos nomes já confirmados para o seminário.

Ney Brito, professor titular da UFRJ e PhD em Economia Financeira, é um dos nomes confirmados no seminário
E de acordo com o presidente do CE de Políticas Econômicas da ACRio e ex-ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, algumas soluções já poderiam ter sido implementadas na tentativa de recuperação da economia brasileira. Entre elas, as reformas estruturantes na área fiscal, previdenciária e trabalhista, e a melhora do ambiente de negócios, com a simplificação do sistema tributário.
“Aumentar os juros para diminuir a inflação traria efeito negativo sobre o crescimento. Por outro lado, algumas medidas para estimular o crescimento podem bater em termos de inflação. É preciso ter calma, mas sem perder as esperanças de que o crescimento pode voltar se as medidas de equilíbrio fiscal forem plenamente implementadas”, concluiu Marcílio Marques Moreira.

Para o ex-ministro da Fazenda, Marcílio Marques Moreira, algumas soluções já poderiam ter sido implementadas, como as reformas estruturantes na área fiscal, previdenciária e trabalhista, e a simplificação do sistema tributário
Texto e fotos: ACRio