O governo federal pretende injetar mais R$ 16 bilhões no Pronampe, programa de crédito a pequenas e médias empresas criado em maio como medida emergencial para diminuir os impactos da pandemia.
Inicialmente com R$ 15,9 bilhões em caixa, o programa chegou perto do limite de financiamentos em pouco mais de dois meses. Nos últimos dias, empreendedores têm enfrentado filas nos bancos para acessar os recursos, ou veem o crédito com aval do governo esgotar em pouco tempo, como aconteceu no Itaú Unibanco.
A ideia do Ministério da Economia é colocar mais R$ 6 bilhões em recursos do Tesouro Nacional no programa, explicou Guilherme Afif Domingos, assessor especial do ministro Paulo Guedes, em entrevista ao portal Exame.com.
Além disso, o governo estuda remanejar R$ 10 bilhões de uma linha de crédito operada pelo BNDES para concessão de crédito via maquininhas, criada com a medida provisória 975, de junho.
Na entrevista, Afif diz que a injeção de recursos para pequenas e médias empresas pode ser mais rápida e desburocratizada do que na linha de crédito via maquininhas gerida pelo BNDES.
“O dinheiro à disposição no mercado não pode ficar empoçado nos bancos. Tem que ir rápido para as empresas, que estão sofrendo com a crise”, afirmou.
As mudanças também devem alterar a estrutura de risco dos empréstimos do Pronampe. O objetivo é aumentar a participação dos bancos em eventuais perdas com esses empréstimos. Hoje, o governo cobre 85% das perdas e os bancos, 15%. O plano é que governo e bancos cubram, cada um, até 50% dos calotes tomados no programa.
Em dois meses de Pronampe, o programa já emprestou recursos a 117 mil empresas, de acordo com Afif. “Ainda é pouco se consideramos um universo de 3,5 milhões de micro e pequenas empresas no Brasil”, diz.
“Teremos que fazer uma multiplicação dos pães e garantir mais recursos para o programa nos próximos meses para atenuar os efeitos da crise entre os empreendedores”, destacou.
Outros bancos
Os três grandes bancos que começaram a operar a linha do Pronampe já atingiram o limite de crédito estabelecido pelo Ministério da Economia. A Caixa, que na última segunda (13/07), havia conseguido um acréscimo de R$ 1,66 bilhão, atingiu o novo teto de R$ 5,9 bilhões em menos de 24 horas, segundo informou o banco.
Já o Banco do Brasil também havia conseguido ampliar sua participação no programa semana passada. Após ter atingido a cota de R$ 3,74 bilhões na quarta-feira (8/7), o banco conseguiu do Tesouro Nacional um novo limite de R$ 1,24 bilhão na quinta-feira. Em um dia, liberou todo o crédito a cerca de 20 mil micros e pequenas empresas.
O Itaú, que começou a operacionalizar o programa na quinta, 9/7, também emprestou toda a sua cota de R$ 3,7 bilhões pelo app Itaú Empresas. Na sexta, por conta de instabilidade nos sistemas devido à alta demanda, o banco suspendeu o serviço até a segunda-feira. Até então, tinha concedido 70% dos R$ 3 bilhões disponíveis.
No começo desta semana, milhares de empreendedores desesperados por uma chance de conseguir a cota final do banco, formaram uma fila virtual no app desde as 4h da manhã. Em meia hora, a partir das 8h, o banco já havia disponibilizado os 30% restantes e mais R$ 700 milhões adicionais obtidos durante o final de semana junto ao BB, que opera o Fundo Garantidor de Operações (FGO) da linha.
Os dois outros grandes bancos privados, Bradesco e Santander, devem começar a trabalhar com a linha somente no final de julho e no começo de agosto.
Fonte: Diário do Comércio