Os países africanos são o quarto principal destino das exportações brasileiras, gerando uma movimentação bilateral de US$ 20,4 bilhões, e com enorme potencial de crescimento. Segundo o Mapa de Oportunidades da ApexBrasil, existem mais de seis mil oportunidades para vendas brasileiras na região. O Egito é, atualmente, o segundo maior parceiro do Brasil na África.
Há cerca de 100 anos Brasil e Egito estabeleceram relações diplomáticas. As relações comerciais entre o Brasil e o Egito ganharam novos contornos nos últimos anos, com a abertura do mercado egípcio para diversos produtos brasileiros, como peixes e derivados, carne de aves, algodão, bananas e gelatina e colágeno. Na troca comercial, só nos primeiros cinco meses de 2024, as exportações brasileiras para o país tiveram um crescimento de 44,9%, alcançando US$ 1,341 bilhão, enquanto as exportações egípcias para o Brasil aumentaram 52% , em um total de US$ 260 milhões. Esses acordos geraram para o Brasil um superávit de US$ 1,082 bilhão. Os destaques foram açúcares e melaço (US$ 348 milhões e alta de 123% no período); minério de ferro (US$ 277 milhões e aumento de 141%); soja (US$ 206 milhões, com acréscimo de 1,32%); e milho não-moído (US$ 183 milhões e elevação de 54,4%).
Já os principais produtos embarcados pelo Egito para o Brasil foram adubos ou fertilizantes químicos (US$ 87 milhões); barras de ferro e aço (US$ 37 milhões); frutas e nozes (US$ 23 milhões); legumes, raízes e tubérculos (US$ 19 milhões) e polímeros de cloreto de vinila (US$ 19 milhões).
Na missão de fortalecer relações do Brasil com outros países e governos africanos, o Projeto Brazilian Suppliers – uma parceria entre o Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (Ceciex) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), com apoio da São Paulo Chamber of Commerce, o braço internacional da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), enviou uma missão comercial para o Egito entre os dias 23 e 26 de junho. O encontro ocorreu na capital do país, Cairo, com foco em países do norte do continente africano como Argélia, Marrocos, Mauritânia e Tunísia.
O seminário sobre o potencial de mercado da África do Norte contou com a presença de 12 empresas brasileiras, além de sessão de networking e rodada de negócios com importadores do país anfitrião e dos países convidados. Quase 200 empresários egípcios, autoridades locais e representantes da Câmara de Comércio de Giza estiveram presentes. O resultado dos encontros ainda não foi computado, mas estima-se que os acordos possam chegar a USD 10 milhões.
Wagner Mazzoli, empresário convidado para a missão, acredita que foram muito proveitosas as diversas reuniões com potenciais clientes, “onde não só pudemos vislumbrar possibilidades de estabelecer futuras excelentes relações comerciais com empresas egípcias, como também observar e experienciar conhecimentos da cultura mercadológica do setor de materiais de construção, que é onde atuamos”.
Para Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB e coordenador-geral da São Paulo Chamber of Commerce, o Brasil precisa de um plano específico de comércio exterior, porque as políticas internas são incompatíveis com as externas: “O fortalecimento do comércio exterior vai ativar o desenvolvimento econômico e incentivar a geração de empregos, já que o mundo se tornou pequeno diante de tantas inovações tecnológicas. Os pequenos e médios empreendedores brasileiros precisam desenvolver uma cultura exportadora para crescer”.
Cotait defende um novo ministério, de Comércio Exterior, para elaboração e implementação de políticas mais efetivas para o setor. Segundo ele, a iniciativa vai ativar o desenvolvimento econômico e incentivar a geração de empregos, já que o mundo se tornou pequeno diante de tantas inovações tecnológicas. “Dados do próprio governo revelam que apenas 0,13% das empresas do Brasil exportam. Essa baixa proporção, por si só, já justificaria a recriação do ministério”.