Diante do aumento dos preços, em especial dos alimentos, o mercado financeiro voltou a revisar para cima as projeções para a alta da inflação este ano, desta vez, de 2,99% para 3,02%. É o que mostra o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central na manhã desta terça-feira (3).
Esta é a 12ª semana seguida de alta nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 10 de agosto, antes da primeira elevação na estimativa, a projeção era de alta de 1,63% para o índice de preços em 2020. Deste então, as estimativas vêm sendo continuamente elevadas.
Para 2021, as projeções ficaram praticamente estáveis, em 3,10%, ante 3,11% anteriormente.
Com a alta das expectativas para a inflação, a maior parte do mercado financeiro já vê a possibilidade de uma alta para a Selic no próximo ano. Segundo pesquisa elaborada pela XP Investimentos com 32 gestores de fundos multimercado macro, 65,6% esperam que o juro básico suba em 2021, com metade acreditando que a alta se dará entre o terceiro e o quarto trimestre.
No Focus, os economistas consultados pelo BC estimam a manutenção da Selic no patamar atual este ano, com alta para 2,75% a.a. até dezembro de 2021, sem alterações em relação ao último levantamento.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa básica de juros inalterada em 2% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado financeiro.
Na ata da reunião, publicada nesta manhã, a autoridade monetária reforçou que segue apenas monitorando o movimento de alta da inflação, sendo que existem fatores de risco para ambas as direções. “Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, diz a nota.
Com relação ao desempenho da economia brasileira, o mercado manteve, após duas semanas de melhora, a projeção para a contração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano em 4,81%. Para 2021, contudo, a atividade deverá crescer 3,42%, segundo a média das estimativas do Focus, abaixo dos 3,47% estimados anteriormente.
Por fim, no câmbio, os economistas consultados pela autoridade monetária veem a moeda americana sendo negociada a R$ 5,40 em dezembro (ante R$ 5,35 na semana passada), e a R$ 5,20, ao fim do próximo ano, acima dos R$ 5,10 previstos no último levantamento.
Top 5
Entre os economistas ouvidos pela autoridade monetária que mais acertam as previsões, reunidos no grupo “Top 5 médio prazo”, as projeções apontam para inflação de 2,92% este ano, frente a estimativa de 2,91% anteriormente. Para 2021, o IPCA estimado é de 3,27%, sem mudanças em relação à semana passada.
No câmbio, as projeções se mantiveram em dólar a R$ 5,50 em 2020, e tiveram alta de R$ 5,22 para R$ 5,30, em 2021. Já a taxa Selic deve permanecer no atual patamar de 2,00% ao ano até dezembro de 2021.
Fonte: InfoMoney