Imprensa
PERSPECTIVA

Fim da desoneração eleva custo e ameaça 1 milhão de empregos

Adriano Gilioli, mestre em administração e negócios pela USP, diz que custo da contribuição do INSS vai superar recolhimento do FGTS

26 de outubro de 2020 às 10:50

Foto: Reprodução

O possível fim da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia deixará pelo menos 1 milhão de novos desempregados em 2021, na estimativa do contador Adriano Gilioli, mestre em administração e negócios pela USP e conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo.

O número representa parte significativa dos 6 milhões de trabalhadores que atuam nos setores beneficiados com a desoneração da folha, casos das áreas de call center, construção civil, transporte, indústrias de veículos e têxteis, entre outras.

A desoneração é um regime especial de tributação que permite uma redução de custos no recolhimento da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pelos patrões. Ela começou a ser implantada em 2011 para beneficiar setores que geram muitos empregos, mas a legislação prevê seu fim em dezembro de 2020. Deputados e empresários buscam derrubar veto do presidente Jair Bolsonaro ao artigo de uma lei que prevê a prorrogação até o final de 2021.

O contador Adriano Gilioli explica que as empresas normalmente conseguem economizar aderindo à desoneração. Dessa forma, elas deixam de recolher 20% sobre a folha de pagamento dos funcionários ao INSS e passam a pagar uma alíquota de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. “O contador precisa fazer os cálculos e ver o que compensa mais, muitas empresas acabam optando pela desoneração”, afirma.

Dessa forma, o recolhimento do INSS é hoje uma despesa que não tem um peso tão grande entre todas as obrigações tributárias das empresas que aderiram ao regime tributário especial. “É bem provável que recolhendo 1% sobre a receita bruta, no caso de uma empresa que optou pela desoneração, ela esteja pagando menos do que com o recolhimento do FGTS dos funcionários, cuja alíquota é 8% sobre a folha”, afirma.

Com o possível aumento dos custos, as empresas deverão optar por demissões. Gilioli estima que os setores de construção civil, transportes e infraestrutura estão entre os que mais deverão ser afetados. Isso porque boa parte de suas despesas está concentrada no quadro de funcionários.

“A construção civil acredito que será a mais afetada. Uma construtora é muito mais mão de obra do que qualquer outra coisa. É 60% de mão de obra aplicada, e o restante distribuído entre impostos e materiais. Ela tem muito mais gasto com funcionários”, explica o conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade, órgão que tem em seus quadros mais de 150 mil profissionais ativos e mais de 19 mil empresas de serviços contábeis de todo o estado de São Paulo.

Dependendo das condições da economia em 2021, o impacto nos empregos pode ser ainda maior, avalia o mestre em avaliação e negócios. “Esse impacto de 1 milhão de demissões vem sendo auferido pelos profissionais da área contábil. É uma estimativa natural. Pode ser mais do que isso”, avalia.

Imposto

O ministro Paulo Guedes vem afirmando que pretende criar uma desoneração mais ampla e permanente. Esse benefício, no entanto, pode virar moeda de troca para a criação do novo imposto sobre transações digitais, chamado de nova CPMF, em alusão ao imposto sobre transações financeiras que vigorou entre 1997 e 2007.

Com alíquota de 0,2%, ele permitiria arrecadação de R$ 120 bilhões por ano, e desse montante, R$ 70 bilhões seriam usados para cobrir a perda de receita com a desoneração da folha.

Um modelo que vem sendo desenhado pelo governo prevê que patrões não precisem recolher INSS sobre a folha de funcionários que recebam um salário mínimo. Acima disso, o percentual sobre a remuneração cairia de 20% para 15%.

Dúvida é adotar desoneração ‘horizontal’ ou ‘vertical’

O imposto sobre transações digitais pretendido pelo governo pode aparecer em breve na continuação da reforma tributária – um primeiro projeto foi entregue ao Congresso em julho, tratando apenas de uma nova contribuição para substituir PIS e Cofins, e o governo espera o melhor momento político para enviar o restante da reforma.

Em razão das eleições municipais e da proximidade do fim do ano, cresce a probabilidade de que a reforma seja debatida e votada no Congresso apenas em 2021, quando a desoneração da folha já não estará valendo, caso o veto do presidente Jair Bolsonaro seja mantido.

Correndo contra o tempo, parlamentares tentam reverter o atual cenário. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou que marcou para o dia 4 de novembro a votação sobre a análise sobre o veto do presidente.

Protesto

Na última terça, lideranças sindicais, empresariais e políticos realizaram em Brasília um ato pela derrubada do veto. Eles se concentraram na frente do Ministério da Economia, na Esplanada dos Ministérios, e marcharam até a Praça dos Três Poderes.

Fonte: R7

Últimas Notícias

Mdic amplia limite de receita para seguro de crédito à exportação Mdic amplia limite de receita para seguro de crédito à exportação
Comércio exterior 21 de maio de 2025 às 17:39

Mdic amplia limite de receita para seguro de crédito à exportação

CACB e Gasto Brasil ganham destaque na revista Veja CACB e Gasto Brasil ganham destaque na revista Veja
Na mídia 21 de maio de 2025 às 16:52

CACB e Gasto Brasil ganham destaque na revista Veja

Projeto AL-INVEST Verde realiza capacitações gratuitas em ESG Projeto AL-INVEST Verde realiza capacitações gratuitas em ESG
Sustentabilidade 21 de maio de 2025 às 12:00

Projeto AL-INVEST Verde realiza capacitações gratuitas em ESG

Reunião discute segurança jurídica no mercado de trabalho Reunião discute segurança jurídica no mercado de trabalho
SETOR PRODUTIVO 20 de maio de 2025 às 16:16

Reunião discute segurança jurídica no mercado de trabalho

Gastos públicos no Brasil alcançam a marca de R$ 2 trilhões Gastos públicos no Brasil alcançam a marca de R$ 2 trilhões
TRANSPARÊNCIA 20 de maio de 2025 às 10:28

Gastos públicos no Brasil alcançam a marca de R$ 2 trilhões

CACB relança edital do Apoio a Demandas do projeto Empreender CACB relança edital do Apoio a Demandas do projeto Empreender
Sistema 19 de maio de 2025 às 17:53

CACB relança edital do Apoio a Demandas do projeto Empreender

Soluções dedicadas ao empresário brasileiro.

Todos serviços

Conhecimento e informação nos conectam

Compartilhamos conteúdo do seu interesse

  •  

Eventos

Ver todos

Agenda dos Eventos Empresarias

Participe dos eventos organizados por entidades que apoiam os empresários do Brasil.

Busca

Fechar

Categorias de Serviços

Fechar

Categorias de Vídeos

Fechar

Entidades

Fechar
Logomarca Hotpixel