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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fará nesta quarta-feira (9) a última reunião do ano, e a expectativa dos analistas do mercado financeiro é que a taxa básica de juros, a Selic, seja mantida em 2% ao ano.
A taxa Selic está no menor patamar da série histórica e, se confirmada a manutenção, será a terceira vez seguida. A decisão será anunciada pelo BC por volta das 18h30.
A definição da taxa de juros acontece em meio à alta dos preços. Em novembro, o IPCA, índice considerado a inflação oficial do país, somou 0,89%. Nos últimos doze meses até novembro, a inflação foi de de 4,31%, acima do centro da meta de inflação para este ano, de 4%.
Nos últimos meses, a inflação tem disparado principalmente em razão do aumento dos preços dos alimentos. Segundo analistas, isso decorre da disparada do dólar, que incentivou os produtores a aumentarem as exportações, reduzindo, assim, a oferta de produtos no mercado interno, além do pagamento do auxílio-emergência, que estimulou o consumo.
Segundo Vitor Noronha, CEO e planejador financeiro da K1 Capital Humano, há uma pressão inflacionária muito grande, podendo superar 4,5% no acumulado do ano, mas “provavelmente” o governo não irá sinalizar nenhuma mudança relevante por ora.
“O que torna fundamental um posicionamento em 2021, seja aumentando o juros e, principalmente, cuidando do lado fiscal [contas públicas] para demonstrar que dívida pública não ficará descontrolada”, acrescentou.
Alta dos juros em 2021
Na visão dos economistas dos bancos, a alta da inflação e a falta de clareza sobre o controle dos gastos públicos deverão levar ao aumento da taxa de juros em 2021.
De acordo com pesquisa realizada pelo BC na semana passada, o mercado financeiro prevê manutenção da taxa Selic no atual patamar de 2% ao ano até julho de 2021.
A partir de agosto do ano que vem, entretanto, os economistas estimam início do processo de alta. Pelas estimativas, a taxa avançaria para 2,25% ao ano em agosto de 2021, para 2,5% em setembro, para 2,75% ao ano em outubro e para 3% ao ano em dezembro do próximo ano.
Para Cesar Amendolara, sócio do Velloza Advogados, especialista em investimentos estrangeiros no Brasil e de brasileiros no exterior, o cenário de juros ainda baixos traz uma perspectiva de manutenção dos fluxos de investimentos diretos nas empresas, e por meio do mercado acionário, que tende a se acelerar se for complementado com as reformas em tramitação no Congresso Nacional.
“É um cenário que vai propiciar que cada vez mais os grandes investidores venham atraídos para investir nas empresas brasileiras e, que as próprias empresas deixem de apostar em investimentos mais rentistas, e passem a olhar para o mercado de capitais e o investimento mais direto na economia real”, concluiu.
Fonte: G1