Imprensa
ENTREVISTA

Presidente da CACB alerta: “Ou voltamos a produzir ou viveremos uma catástrofe econômica”

George Pinheiro falou com o portal Agora Acre sobre o delicado momento que o país enfrenta. Leia a entrevista

6 de julho de 2020 às 09:48

George Pinheiro, presidente da CACB

O empresário acreano George Pinheiro, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), que há 50 anos criou a rede de hotéis Pinheiro, está vivendo um momento que ele explica, em outras palavras, como de desespero. Pelas empresas dele, mas principalmente pelas milhares de outras empresas em todo o Acre e todo o Brasil que estão submetidas à quarentena por causa da pandemia da Covid-19. Em seu escritório, em Rio Branco, por meio de vídeo, Pinheiro falou com o AgoraAcre.com.br sobre o delicado momento pelo qual o país passa, sobretudo do ponto de vista econômico, mais especificamente sobre o que pode estar por vir. Ele faz um apelo pela reabertura gradual do comércio, não descarta a possibilidade de uma desobediência civil e teme por uma catástrofe financeira caso quem realmente produz dinheiro para o Brasil, as empresas e o comércio, continuem de portas fechadas. Veja nossa rápida conversa:

AgoraAcre – Presidente, a situação financeira começa a apertar, a produção caiu de vez no país e aí, vocês que são líderes desses grandes negócios, estão assistindo a tudo impassíveis? Ou estão se confrariando para que essa situação mude?

George Pinheiro – Há um movimento sim entre todos os empresários do Brasil. Eu represento, além da CACB, que reúne todas as associações comerciais do país, uma entidade que nós montamos que se chama Unecs, União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços, que reúne as nove principais entidades de livre adesão do Brasil. Para você ter uma ideia: Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Automação para o Comércio (Afrac), Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Confederação Nacional de Dirigentes e Lojistas (CNDL) e Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). Essas são as entidades que integram a Unecs. Além disso eu estou presidindo um comitê, indicado pelo ministro Paulo Guedes, junto com mais 20 entidades, que está discutindo a liberação de crédito para os empresários do Brasil. Todas as semanas estamos nos reunindo online e discutindo isso. Estamos discutindo, principalmente, com os governadores dos estados, como é que nos voltaremos a trabalhar, a abrir o comércio, porque milhares de empresas não vão mais funcionar, porque estão literalmente quebradas. Então é impossível continuar como estamos até hoje.

Agoraacre – Como representante, também, do setor hoteleiro, e uma vida toda de experiência no comércio, você tem um panorama sobre a situação no Acre?

George Pinheiro – Com relação ao setor hoteleiro, nós nunca tivemos uma situação dessa. Lógico que não é culpa do governo, nem da Prefeitura. É a situação que o país e o mundo estão vivendo. A minha empresa eu constitui em 1970. Eu abri o hotel Inácio em 1970. Nós nunca tínhamos fechado. Estamos hoje há cem dias com todos os nossos negócios fechados. Hotéis, restaurantes, agências de viagens, locadora, não só o Inácio, mas toda a cidade. Demitimos muitos funcionários. Tentamos de tudo para segurar, mas tudo tem um limite. Até onde vamos segurar? A situação é absolutamente catastrófica. Os funcionários têm que receber. É impossível qualquer que seja a empresa em qualquer lugar do mundo sobreviver 90 dias sem fazer nenhuma venda. Isso é impossível. Você imagina a quantidade de restaurantes pelo Acre todo e que há 90 dias não podem sobreviver. Delivery é conversa furada. Hoje as pessoas estão fazendo comida em casa para sobreviver. Não são os restaurantes. Isso é conversa furada.

AgoraAcre – Vocês têm números da “tragédia” financeira que tudo isso pode estar produzindo?

George Pinheiro – O Brasil vai perder esse ano em torno de 9% de seu PIB. A tragédia financeira que isso vai representar nós não temos a menor ideia. Milhares de pequenos empresários, que estão obrigados a ficar em casa, vão quebrar. A maioria dessas pessoas estão trancadas em casa com suas famílias. Ninguém tem recurso suficiente para ficar 90 dias em casa sem comprar, sem vender e sem viver do lucro que esse comércio produz. As pessoas precisam entender isso.

AgoraAcre – É possível chegar um momento em que as pessoas, desesperadas, vão aderir a um movimento anarquista, tipo de desobediência civil, para produzir o que comer?

George Pinheiro – Da mesma maneira que nos sugerimos ao governo que colocasse dinheiro na mão das pessoas que não têm emprego, que não têm carteira assinada, como os camelôs, que vivem do que compram hoje e vendem amanhã, quando o governo resolveu passar um valor, o de R$ 600, para essas pessoas sobreviverem neste momento, isso evitou que houvesse um saque nos supermercados em todo o Brasil, já que absolutamente ninguém fica em casa sem ter o que dar de comer à sua família. O governo fez correto em dar um valor que aparentemente para quem vive bem não tem a menor noção do que é chegar em casa e a família não ter o que comer, mas que evitou o pior, os saques. Noventa dias depois estamos voltando a discutir quanto tempo vamos ficar sem a normalidade. Normalidade é viver, é trabalhar, é produzir. É possível que aconteça um movimento de desobediência civil porque quem é que vai segurar as pessoas que não têm como comprar alimento para as suas famílias? Nós não estamos falando das pessoas que são desempregadas. São outras milhares de pessoas que vivem de pequenos serviços autônomos, que não têm existência pública. Agora estamos falando também de empresários, que trabalharam a vida inteira para juntar patrimônio para sobreviver, porque viver de cartão de crédito e cheque especial isso é uma fantasia. Quando o banco bloqueou teus créditos você vai viver como? Vai viver de que? Então é natural que o Estado, que está fazendo o correto, que é cuidar da saúde, de colocar a estrutura nos hospitais, para atender as pessoas que de alguma maneira vão pegar essa Covid, também se preocupe com a economia, com essa situação toda. Tem que haver uma discussão correta de como voltar à normalidade. A corda esticou demais. O Estado brasileiro não vai aguentar pagar R$ 600 a vida inteira para milhares de pessoas. Até porque o Brasil não produz dinheiro, quem produz são as empresas. As pessoas ainda não entenderam isso. Essa é a minha opinião.

Fonte: AgoraAcre.com.br

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