Empreender
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O Painel internacional do Al-Invest 5.0 debateu, durante o 3° Fórum Nacional CACB Mil, no Rio de Janeiro, os desafios para o desenvolvimento das micro e pequenas empresas (MPEs) na América Latina. O evento reuniu representantes de vários países beneficiados pelo projeto, que destina 25 milhões de euros para cooperação internacional, sendo 15 milhões por meio de fundos concursáveis e 10 milhões para fundos de execução direta por um consórcio de entidades do qual a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) faz parte.
Redução da pobreza e capacitação – O Programa AL-Invest 5.0 é executado pela CACB com a Câmara de Comércio de Lima (Peru), a Câmara Nacional de Comércio e Serviços do Uruguai, a Associação Guatemalteca de Exportadores, a Câmara de Comércio da Costa Rica e a Câmara de Comércio e Indústria de El Salvador, liderados pela Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Santa Cruz (Cainco), da Bolívia. Além disso, conta também com entidades parceiras como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID Estados Unidos), a Câmara de Comércio de Paris (CCI França), a Eurochambres (Bélgica) e a Sequa (Alemanha). O grande objetivo é estimular formas eficientes e duradouras para redução da pobreza na região e a melhoria na produção das micro e pequenas empresas, beneficiando 16 países em quatro anos.
A CACB já selecionou em 2016, para receber apoio do AL-Invest, 18 propostas de desenvolvimento e melhoria da produtividade e competitividade das empresas no país. Foram contempladas pela entidade brasileira seis associações e uma federação dos estados do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais e do Paraná, que serão apoiadas para realizar sensibilização e motivação de empresários, criação de núcleos setoriais; participação em eventos de promoção comercial no Brasil e em outros países da América do Sul; melhoria e desenvolvimento de produtos e serviços; e inovação em produtos e processos.
Além das ações que a CACB vai apoiar por meio do programa nas associações comerciais, outros dois projetos brasileiros foram selecionados para executar quase 1 milhão de euros na Primeira Chamada de Propostas para Fundos Concursáveis do Programa: os do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará e da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina. No total, foram escolhidos 26 projetos na América Latina, que buscam beneficiar mais de 25 mil micro, pequenas e médias empresas da região, com feiras produtivas, missões empresariais, fomento a núcleos setoriais, capacitações e participação em fóruns, entre outras atividades.
Panorama econômico das MPEs na América Latina – O vice-presidente da micro e da pequena empresa da CACB, Luiz Carlos Furtado Neves, afirmou que as ACEs tem papel fundamental para o sucesso do AL-Invest 5.0: “Nossa participação neste novo desafio é consequência de um trabalho de mais de 20 anos, a partir do projeto Empreender, um case de sucesso brasileiro que permite que empresários de um mesmo setor se unam para criar uma situação competitiva no mercado e ganhar capacidade de negociação, com apoio do Sebrae. Trocando experiências nós chegamos a esta nova oportunidade e executar mais um projeto inovador de desenvolvimento para as micro e pequenas empresas, com o apoio das nossas ACEs e de nossas lideranças, demanda grande esforço e trabalho “.
Boas práticas internacionais – Durante o evento, palestrantes do Chile, da Bolívia, da Alemanha e da França apresentaram de que forma as instituições que eles representam podem contribuir para o desenvolvimento dos negócios e das entidades empresariais brasileiras no âmbito do Projeto AL-Invest.
Catalina Achermann, da Unidade de Inovação e Novas Tecnologias da Divisão de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (Cepal) – uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas com sede no Chile, fundada para contribuir ao desenvolvimento econômico e que, na parceria com o AL-Invest, realizará diagnósticos com as empresas atendidas -, falou sobre a realidade dos micro e pequenos negócios na América Latina: “Sendo bem realista, a análise não é animadora. A contribuição das MPEs para o desenvolvimento econômico da região é limitada, devido a diversos fatores como a falta de competitividade, de financiamento, baixa produtividade, bem como o pouco acesso à mão de obra qualificada e a dificuldade de acesso aos mercados. Já há políticas de desenvolvimento em vários países, mas falta um diálogo público-privado para garantir essa mudança estrutural”, explica.
Ela citou também aspectos positivos nesse processo, como a estabilidade macroeconômica e políticas sociais para redução da pobreza, mas disse que, infelizmente, são mantidos fatores críticos na região, como o nível de desigualdade. Entretanto, há solução: “A educação é uma forma de diminuir essa diferença”.
Para o subgerente de projetos de desenvolvimento da Cainco, da Bolívia, Julio Silva, a ideia é trabalhar juntos para melhorar as habilidades dos empreendedores, já que as MPEs devem ser o motor para o desenvolvimento dos países: “É necessário melhorar a capacidade das empresas para que sejam mais produtivas e possam ter um papel mais efetivo no crescimento local.”
Julio destacou o exemplo do Programa Empreender no Brasil como uma metodologia que permite que as empresas aprendam a trabalhar em conjunto para que, unidas, consigam resolver problemas comuns e promover mudanças importantes no mercado.
A francesa Veronique Chavane, diretora de projetos da Sequa, entidade empresarial da Alemanha, explicou que um dos objetivos de fazer parte do Al-Invest 5.0 é apoiar e fortalecer as capacidades das organizações empresariais para a implementação de projetos de desenvolvimento na América Latina. “Podemos facilitar contatos para promover cooperação internacional, com metodologias que podem fortalecer e melhoras as micro e pequenas empresas. Assim, podem desenvolver novos serviços e trocar ferramentas, criando novos métodos, beneficiando o país e as empresas locais com impactos de longo prazo.”
Já a gerente de projetos internacionais da Câmara de Comércio e Indústria de Paris (CCI), Maider Mace, falou sobre o trabalho realizado na França e a missão de representar e capacitar as empresas, fortalecendo a economia local: “A CCI apoia, por exemplo, a transição digital das empresas, com orientação sobre novas tecnologias, e tem enfoque cooperativo, estimulando o intercâmbio e a troca de experiências com atividades de formação e capacitação”.