SÃO PAULO – O Brasil perdeu sete posições no ranking de corrupção medido pela organização Transparência Internacional e divulgado nesta terça-feira, na Alemanha. Em 2015, o país ficou em 76º em uma lista de 168 posições. Obteve nota 38, em uma escala de 0 a 100 sobre a corrupção percebida no sistema público, em que a nota máxima significa país livre de corrupção. Em 2014, o Brasil figurava na 69ª colocação com 43 pontos.
— Apenas o pequeno país africano Lesoto teve um desempenho tão ruim quanto o do Brasil. No caso brasileiro, não ficamos surpresos. Desde o escândalo do mensalão, a questão da corrupção entrou na agenda pública do país. Houve protestos sobre desvios em obras da Copa e agora o rumoroso caso da Petrobras. O que preocupa é que no Brasil não se trata de um político fazendo algo sujo individualmente, a corrupção é crime organizado — afirma Alejandro Salas, diretor regional de Américas da Transparência.
O relatório credita às descobertas da Operação Lava-Jato o aprofundamento da crise econômica brasileira. De acordo com a organização, o país “foi atingido pelo escândalo da Petrobras, no qual políticos são acusados de receber propina em troca de contratos públicos. A economia foi triturada e dezenas de milhares de brasileiros já perderam seu emprego. Esses trabalhadores desempregados não são os responsáveis pelas decisões corruptas, mas são aqueles obrigados a viver com suas consequências”. Na América Latina, o Brasil não é exceção à tendência recente apontada pela Transparência de grandes escândalos de corrupção que fustigam políticos e provocam revolta popular.
Em meio à percepção negativa da opinião pública nacional e internacional quanto à corrupção no Brasil, os analistas da Transparência Internacional ressaltam pontos positivos no momento vivido pelo país. Salas salienta que pessoas até então consideradas “intocáveis” por seu poder político ou econômico estão sob investigação e mesmo presas.
— As instituições como a Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça estão funcionando. Não acredito que os malfeitos tenham aumentado no Brasil nos últimos 20 anos. A diferença é que agora ficamos sabendo do que aconteceu e a população já não mostra mais tolerância a esse tipo de desvio — afirma Salas.
Apenas investigação e revolta, no entanto, não bastam para solucionar definitivamente o problema da corrupção.
— Em 2015, nada mudou na agenda política porque o Congresso é um circo de políticos brigando por interesses pessoais e bloqueando a aprovação das necessárias reformas institucionais. Algo tem que mudar — diz Salas.
Fonte: O Globo