Na última quinta-feira (24/11), a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) participou do evento Correio Debate – O futuro dos meios de pagamento: desafios e soluções, que reuniu especialistas, representantes e lideranças do setor financeiro e de comércio e serviços, parlamentares, economistas, formadores de opinião e empresariado, para abordar perspectivas para o setor, alternativas de meios, regulamentações, legislações e práticas que podem oferecer mais benefícios a consumidores e estabelecimentos.
Estiveram presentes George Pinheiro, presidente da CACB; Carlos Rezende, coordenador executivo da CACB; Alexandre Seabra Resende, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), e Newton Garcia, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), membros da União Nacional de Entidades do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (UNECS), formada pelas sete maiores entidades do segmento e tem por objetivo o fortalecimento do setor.
A UNECS é composta ainda pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD); Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL); Associação Nacional de Materiais de Construção (Anamaco); e Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). As entidades representam, juntas, 20% dos empregos formais no país, um faturamento de R$ 1 trilhão e 65% das operações de cartões de crédito e débito no país.
Venda casada e gestão de riscos – O painel único sobre meios de pagamento e os desafios para o setor, moderado pelo editor executivo do Correio Braziliense, Vicente Nunes, contou com a apresentação do presidente executivo da Abrasel, Paulo Solmucci Júnior, que destacou que o lojista brasileiro paga as maiores taxas do mundo e acaba financiando o banco, em vez do contrário: “Nós questionamos a verticalização do sistema bancário. No final somos nós que estamos emprestando dinheiro pra eles. A UNECS está determinada a mudar isso, precisamos que alguma coisa seja feita. Se não é possível acabar com a verticalização, é necessário um termo de ajuste de conduta que coloque algum limite. Precisamos mudar essa realidade no Brasil o mais rapidamente possível”.
Ele reforçou ainda que, atualmente, o pagamento em cartão passa de 90% dos recebimentos e uma pesquisa realizada com mais de 700 lojistas revela que pelo menos metade diz que ter a maquininha do cartão fornecida pelo banco beneficia o negócio, o que configuraria a prática de venda casada: “Nós estamos passando por uma crise e está faltando o oxigênio do comércio, que é o capital de giro. Nessa relação com os bancos, é do jeito que eles querem, não temos opção”, completa.
Douglas Ferreira, coordenador-geral de Mercado Doméstico do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), falou sobre as restrições da economia e as novas tecnologias. Também abordou os modelos de negócios e como as novas formas de consumo impactam os meios de pagamento: “É preciso reavaliar determinados meios de pagamento e discutir a agenda de competitividade do setor com outros setores. Um dos temas prioritários são os meios de pagamento, bem como a modernização do setor, em articulação com outros ministérios”.
Aldo Mendes, Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, disse as mudanças são lentas mas que os riscos do cartão de crédito devem ser incluídos na conta: “Temos a visão de que cartão de crédito é liquido e certo, enquanto cheque não é pagamento garantido, pode voltar. Mas no cartão de crédito existe uma cadeia de pagamento – consumidor, banco, credenciador, facilitador – até que o recurso chegue às mãos de quem vendeu. A cadeia é mais complexa, com mais agentes envolvidos e os riscos devem ser equacionados e bem geridos. Dinheiro é mais caro e menos seguro. Pagamento tem ser eletrônico, o que é mais ágil e mais inclusivo”.
O deputado federal Herculano Passos (PSD/SP), membro da Frente Parlamentar do Comércio, Serviço e Empreendedorismo, lembrou que quem paga pelo excesso dos bancos é o consumidor final: “O valor acaba sendo repassado para o consumidor. Com essa crise acentuada, caiu o movimento, o crédito é caro e fica muito difícil trabalhar. Sou a favor da livre concorrência e precisamos defender os interesses da população e do setor do comércio, diminuir custos para melhorar a qualidade de vida das pessoas”.
Para o presidente da CACB, George Pinheiro, é preciso baixar juros e garantir às empresas liberdade na negociação de seus créditos: “Sem essa liberalidade, seguimos enfrentando problemas, inclusive de recebimento, já que, apesar de haver melhorado, há empresários das mais variadas cidades e estados brasileiros que ainda enfrentam dificuldade por acabarem vinculados a determinadas empresas, que detêm contratos específicos com algumas bandeiras de cartão de crédito, por exemplo. A CACB, tendo em vista a sua representatividade, debate e estuda alternativas para melhorar a relação de consumidores e empresas. Novas soluções para os meios de pagamento são, sem dúvida, um dos grandes desafios”.
O evento teve, ainda, as apresentações do economista português Pedro Menezes; de Henrique Capdeville, Presidente da First Data no Brasil; e de Marcelo Nunes, coordenador-geral de análise antitruste da Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
Sobre o debate – Parceria da União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) com o jornal Correio Braziliense, o debate busca ampliar e dar mais visibilidade às discussões sobre temas relevantes para o setor e as oportunidades de melhorias nos ambientes de negócios, que tragam consequentemente mais desenvolvimento econômico e social para o Brasil.