A palestra de abertura do 17º Congresso – acompanhada por cerca de mil pessoas – coube ao presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. Ele frisou a urgência de se fazer a reforma política antes de qualquer outra. “Estamos com um profundo desgaste da estrutura política. E vai piorar muito, porque a Lava Jato não para. A única reforma que pode ser entregue já é a do sistema político. É a mãe das reformas. E não pode ser feita pelo Congresso, mas sim por uma constituinte exclusiva”.
Para o presidente do Sebrae, está clara a “ruptura entre nação e estado” e os atuais políticos já não gozam de legitimidade popular. Por isso, mais do que a reforma previdenciária – que tem sido objeto constante das articulações em Brasília – Afif defendeu que o Brasil precisa urgentemente da reforma político-partidária. Também se revelou favorável ao voto distrital, “porque o Brasil de cima para baixo não está dando certo. É preciso que a população se mobilize para fazer o Brasil dar certo de baixo para cima”, afirmou.
Boicote
Para o presidente do Sebrae, é imprescindível que o País invista em leis em favor do micro e pequeno empresariado, que deve ser protegido da “avalanche de burocracia imposta pelo Estado”. Contudo, disse ele, as áreas fiscais dos governos têm batido de frente com muitas dessas iniciativas. “As áreas fiscais não gostam do Simples, das facilidades do Simples. Se puderem boicotar, boicotam”, comentou o ex-deputado constituinte, em referência às oposições feitas pela Receita Federal durante a tramitação do projeto que inovou o sistema tributário.
Afif revelou que sua briga agora é com o Banco Central, que vetou a criação das Empresas Simples de Crédito. O objetivo desse modelo é permitir que pessoas físicas emprestem dinheiro, fomentando a economia local. “Alguns me perguntam se, com isso, quero regularizar a agiotagem. Não. Queremos é concorrer com a agiotagem, que é o cheque especial, o cartão de crédito”, afirmou, sob aplausos da plateia.
“Hoje, o Estado atrapalha o desenvolvimento da nação. É um estorvo. Uma maçaroca que não rende. Estamos vivendo uma época de profunda transformação e precisamos decidir se seremos expectadores ou atores”, ressaltou, em relação às interferências estatais na iniciativa privada.
Assessoria Imprensa Facesp/CACB